Casa Inês Etienne Romeu é um espaço de acolhimento para mulheres vítimas de violência na região

Coordenadoras Pétala e Chantal junto com a muralista Camila, que fez a arte da fachada do espaço/Foto: Aldeia Cultural

No dia 27 de abril, o site Aldeia Cultural foi cobrir a “Feira Mulheres em Movimento”, realizada no Parque Municipal da Fonte do Itajuru em Cabo Frio. Durante o evento, as coordenadoras do Movimento de Mulheres Olga Benário estavam promovendo visitas à Casa Inês Etienne Romeu, localizada próxima ao parque.

A Casa é a primeira ocupação de mulheres da Região dos Lagos. O imóvel – de propriedade da Prefeitura de Cabo Frio – foi ocupado no dia 25 de novembro de 2023 (Dia Internacional de Combate à Violência Contra a Mulher), pelo Movimento de Mulheres Olga Benário.

Foto Aldeia Cultural

“O Movimento de Mulheres Olga Benário constrói , nacionalmente, uma luta pra denunciar a violência contra as mulheres e denunciar os inúmeros casos de feminicídio. A ocupação é uma forma máxima de denúncia pra gente dizer: se as mulheres conseguem ocupar um imóvel da prefeitura que estava há mais de dez anos abandonado, por que o poder público não se move para conseguir fazer o mínimo de políticas públicas, principalmente numa região como a nossa: a segunda região mais violenta para as mulheres viverem no estado do Rio de Janeiro?”, questiona Pétala Cormann, uma das coordenadoras do Movimento.

“A ocupação se propõe a ser um espaço de acolhimento, uma casa de referência para receber as mulheres que são vítimas de violência e que não têm pra onde ir, porque as políticas públicas da região não contemplam essa demanda.”, completa a coordenadora Rúbia Brazil.

Rúbia e Isabele explicam com funciona a Casa de Referência/Foto: Aldeia Cultural

O espaço também pretende trazer novas perspectivas para mulheres vítimas de violência e em vulnerabilidade. “Hoje o maior número de violência contra a mulher é a violência doméstica, porque as mulheres estão inseridas dentro de um contexto de violência que envolve questões financeiras, o domínio financeiro dos seus parceiros. Então, uma forma que essa casa se compromete é desenvolver oficinas que consigam emancipar essa mulher financeiramente.”, explica a coordenadora Chantal Campello.

Pétala e Chantal falam sobre o Movimento Olga Benário e sobre a ocupação/Foto: Aldeia Cultural

Após seis meses da ocupação, a Casa Inês Etienne Romeu já conta com um espaço destinado ao Bazar das Mulheres, cozinha popular, horta e um local, onde acontecem as oficinas. “Futuramente a gente pretende montar uma cooperativa de algum negócio para ser o primeiro passo rumo à independência financeira das mulheres que venham a ser acolhidas aqui “., disse Rúbia.

A coordenadora Isabele Salim conta que o espaço se sustenta com doações e trabalho voluntário. “A gente tem o Apoia-se, que é um fixo todo o mês, para ajudar nas contas da casa e a manter as oficinas; além disso tem a ajuda das nossas voluntárias, que são psicólogas, advogadas, assistentes sociais e as mulheres que fazem as oficinas acontecer”. (QUER AJUDAR? DOE PELO PIX: casa.inesromeu@gmail.com).

Além de ser um espaço de acolhimento, a Casa de Referência Inês Etienne Romeu também busca manter viva a memória de mulheres vítimas de feminicídio na região. No portão do espaço, cartazes lembram essas mulheres: Ana Carolina, Pamela, Leonor, Evangelina, Tábata, Ana Julia…

Sobre Inês Etienne Romeu

A homenageada que dá nome ao espaço, Inês Etienne Romeu, foi a única sobrevivente da Casa da Morte, centro de tortura da ditadura militar, na cidade de Petrópolis. Ela se dedicou a denunciar os crimes da ditadura; recebendo em 2009 o Prêmio de Direitos Humanos na categoria “Direitos à Memória e à Verdade”. Morreu em 2015, aos 73 anos.

AGENDA

VEJA TAMBÉM