Conceição Evaristo é homenageada da LiterArraial

Conceição Evaristo sendo homenageada na LiterArraial/Foto: Aldeia Cultural

Conceição Evaristo foi a escritora homenageada da 1ª Feira Literária de Arraial do Cabo – a LiterArraial. O evento aconteceu de 05 a 07 outubro no Parque Público Hermes Barcelos, na Prainha.

Na tarde de sábado (07) a homenageada participou do bate-papo no auditório, mediado pela jornalista de Cabo Frio Renata Cristiane. Falou do interesse pela leitura ainda criança e do contato com os livros durante a infância na biblioteca pública de Belo Horizonte, onde sua tia trabalhava; da “ainda recente” visibilidade das escritoras negras e de sua trajetória como escritora.

Conceição Evaristo participa do bate-papo no auditório da LiterArraial/Foto: Aldeia Cultural

Com 7 livros publicados – nos gêneros poemas, contos, ensaio e romance – um prêmio Jabuti (2015) e o Troféu Juca Pato 2023 como intelectual do ano, a escritora que já foi doméstica, rejeita a ideia de meritocracia. Ela também é mestra em Literatura Brasileira e doutora em Literatura Comparada.

Isso tudo dá impressão que é só estudar e trabalhar. Se fosse só trabalhar a classe trabalhadora do Brasil não seria pobre. Não colem esse discurso da meritocracia em mim, pelo amor de Deus. Não me peguem como exemplo de pessoa que trabalhou e conseguiu… e chegou lá. Porque é muito cruel. (…)”

Sobre o Prêmio Juca Pato, disse que apesar de ser a primeira escritora negra a receber a premiação, não pode esquecer as intelectuais negras antes dela. “Eu fiquei muito feliz com o prêmio. É a primeira vez que eles escolhem uma intelectual negra desde 1962, quando o prêmio foi instituído. Fico feliz, mas não vou esquecer que antes de mim teve a intelectual Lélia Gonzales, Beatriz Nascimento, Elena Teodoro, Neusa Santos e tantas outras.”

Grupo Angolagos se apresentou na LiterArraial/Foto: Aldeia Cultural

Na abertura do bate-papo com a escritora, teve a apresentação musical e dança do grupo Angolagos. Segundo Conceição Evaristo é muito bom chegar a um espaço onde a primeira manifestação é o canto e a dança: sinais de resistência do povo brasileiro, herdado dos povos africanos.

“Por isso que a gente houve falar: no Brasil tudo acaba em samba. (…)Nas culturas tradicionais africanas existe o princípio filosófico de que quando a pessoa está sofrendo e passa por qualquer dificuldade, quanto mais a pessoa se entregar a essa dor, quanto mais se desesperar, ela vai perdendo o contato com as forças da natureza, os Orixás… e vai se enfraquecendo cada vez mais. (…) O canto e a dança é pra toda sociedade brasileira um sinal de resistência.”

Fila para autógrafo da escritora Conceição Evaristo/Foto: Aldeia Cultural

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